23.8.06


Supersonic Azul Calcinha


Nunca tive uma guitarra. Antes de eu também ter um violão meu, tocava com uma Strato Squire americana, que era do meu pai. Preta com a placa branca, bonitinha, mas não gostava do som dela não - não tinha médio, eu achava ruim. Aí ganhei o meu violão de presente, o meu maravilhoso Martin; lasquei um captador nele e pronto: resolvi o meu problema.

Foi o que eu pensei.

O violão funciona muito bem em algumas músicas, mas em outras não. Não enche, o bichinho, fica lá no fundo sôfrego, querendo aparecer - mas não rola, enterrado sob a Strato do Diab (meu guitarrista). As canções precisavam de um corpo que o som do violão não podia lhes dar. Eu tinha que descolar uma guitarra.

Verdade seja dita, eu não sou muito chegada em guitarras. Eu aprendi (o muito pouco que eu sei), tocando violão, e o que eu aprendi não se presta a execução elétrica - o estilo folk/tosco, com muito dedilhado improvisado, não funciona na guitarra - até dá pra passar em um violão de nylon, mas onde rola mesmo é nas cordas de aço. Mas comprar uma guitarra se tornou essencial para a evolução do trabalho, então fazer o que.

(...)

Hoje de manhã eu estava no 574 e o meu Shuffle me pregou uma peça (o que é muito comum ao shuffle) e desencavou "Don't Stop Me Now", do Queen. Adoro essa música (eu adoro Queen), mas não ouvia a uma década mais ou menos. Estava prestando atenção na letra (horrorosa), já que da última vez que eu ouvi aquilo eu não entendi inglês. Em uma parte Freddy canta "I wanna make a Supersonic woman out of you". Gosto tanto dessa música.

(...)

Ambas as guitarras que eu gosto estão fora do meu alcance, uma por motivos financeiros e outra por motivos físicos, além dos financeiros.

. Fender Telecaster 1966 - linda, maravilhosa, som com personalidade, mas adaptável - não dá. 3000 dólares no mínimo.

. Gibson Les Paul 1958 - é perfeita pra tocar as bases que eu toco, puta guitarra carismática, a escolhida dos escolhidos (Jimmy Page, Neil Young, Mike Bloomfield) - não dá. Aquela porra pesa mais do que eu poço aguentar (além de custar uma baba). Minha constituição de moça não permite que eu, em pé, suporte o peso dessa guitarra por mais de 10 minutos. É guitarra pra macho.

Fomos na Louco Por Música procurando uma guitarra nacional - é isso que você vai achar por menos de 800 reais. A Gianini tem feito umas guitarras decentes, o Diab e o Beni me dizem, pra concorrer com a Tagima. No dia anterior eu tinha tocado uma Gemini da Gianini que, apesar de muito feia (preta com a placa tartaruga), tinha um som bem legal. O problema dessas guitarras nacionais é que, como não existe controle de qualidade, o esquesma é loteria - umas são uma merda e outras são ótimas - as que são uma merda normalmente são uma merda porque simplesmente não afinam, e esse foi o caso de muitas guitarras nacionais que eu testei.

Quando nós entramos na Louco Por Música o Queen veio me visitar pela segunda vez no dia - Radio Ga-Ga estava tocando no aparelho de som da loja. Toquei umas Geminis, duas - o som era ótimo, mas ambas não afinavam direito. O Diab então me deu pra testar, uma de um outro modelo, Gianini Supersonic. Foi amor a primeira vista. Linda a guitarra (como na foto acima), o braço estreito, macio. E AFINAVA! 750 reais. Negócio feito.

Só quando a gente saiu de lá, no carro, eu me dei conta que Freddy tinha previsto tudo - "I'm gonna make a supersonic woman out of you." Supersonic azul calcinha.

J.

3 comentários:

Arturo O.Bandini disse...

Capi que ia gostar dessa aula de guitarra, ele que entende de música. Eu bato palmas.

Boa sorte com sua nova amiga azul.

Beijão.

Anônimo disse...

Esta é cor de azul.ejos.

Anônimo disse...

Você já é uma supersonic woman, babyblue, muito antes de Freddy fazer a proposta... com essa guitarra linda dem punho... vishhhhh.... nem quero pensar na poderosa que vai ficar...

Outro modo de classificar esse tom de azul em portugês é Azul Bebê, em inglês fica Baby Blue! Ela já tem nome? It's all starting Now, Baby Blue...