25.3.08

Cavalheiros-Rasos - Kipling

Posto aqui um poema do Kipling e uma tradução que foi trabalhosa mas muito prazerosa (a alegria que me dá traduzir literatura é algo de realmente pertubador). Envolveu alguma pesquisa sobre tropas inglesas em 1800, além do trabalho que dá fazer tudo isso rimando - na verdade o quebra-cabeça da rima é uma das coisas mais bacanas de fazer. Tomei liberdade rítmicas para poder manter o esquema de rimas, mas acho que o ritmo está relativamente bom.

Cavalheiros-Rasos

Para a legião dos que se perderam, para a coorte dos amaldiçoados,
Para os meus confrades no seu sofrimento além-mar,
Canta um cavalheiro inglês criado com pureza, por máquinas atufado,
E um cavaleiro da Imperatriz, se te agradar.
Sim, um cavaleiro das forças que governou seus seis cavalos brancos,
E com fé ele seguiu a marcha, seguiu cegamente
E o mundo era mais que amigo quando ele empunhava o ferro frio,
Mas hoje o sargento é menos que clemente.

Somos pobres cordeirinhos desviados de seu rumo,
Baa! Baa! Baa!
Somos ovelhinha negras extraviadas no mundo,
Baa-aa-aa!
Cavalheiros-rasos soltos na vadiagem,
Amaldiçoados daqui à Eternidade,
Que Deus nos mostre piedade,
Ba! Ia! Ba!

Oh, é doce suar por cocheiras, é doce esvaziar a lavagem da panelada,
E é doce ouvir contos que ao cavaleiro apraz,
Nos bailes regimentais dançar com domésticas desalinhadas
E surrar o cadete que diz que você valsa bem demais
Sim, te euforiza ser o que doma a sua tropa
E ser marcado pela espora de fiada sem pudor,
Quando você inveja, Oh intensamente, um pobre soldado decente,
Que enegrece as suas botas e por vezes lhe chama de “senhor

Se os lares para onde nunca escrevemos, se juras que não honramos,
Bem sabemos tão distantes e tão amados,
Através do roncante quartel voltasse para romper nosso sono,
Seriamos culpados por se de cerveja nos encharcarmos?
Quando o bêbado camarada murmura, e o guarda do farol resmunga,
E está a nossa queda registrada em todo seu horror,
Cada segredo, se revelando, no dolorido teto branco,
Espanta-te que nos droguemos para escapar da dor?

Nós abandonamos Honra e Esperança, estamos perdidos para a Verdade e o Amor,
Estamos caindo da escada degrau por degrau,
E a medida de nossos tormentos é a medida de nossa juventude.
Deus nos ajude, pois conhecemos muito jovens o mal!
Nossa vergonha é limpa penitência para o crime que trouxe a sentença,
Nosso orgulho é que da espora do orgulho não sabemos,
E a maldição de Rubem dura até que outra terra nos engula
E morramos, sem que qualquer um saiba onde morremos.

Somos pobres cordeirinhos desviados de seu rumo,
Baa! Baa! Baa!
Somos ovelhinha negras extraviadas no mundo,
Baa-aa-aa!
Cavalheiros-rasos soltos na vadiagem,
Amaldiçoados daqui à Eternidade,
Que Deus nos mostre piedade,
Ba! Ia! Ba!


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Gentlemen-Rankers


To the legion of the lost ones, to the cohort of the damned,
To my brethren in their sorrow overseas,
Sings a gentleman of England cleanly bred, machinely crammed,
And a trooper of the Empress, if you please.
Yea, a trooper of the forces who has run his own six horses,
And faith he went the pace and went it blind,
And the world was more than kin while he held the ready tin,
But to-day the Sergeant’s something less than kind.
We’re poor little lambs who’ve lost our way,
Baa! Baa! Baa!
We’re little black sheep who’ve gone astray,
Baa—aa—aa!
Gentlemen-rankers out on the spree,
Damned from here to Eternity,
God ha’ mercy on such as we,
Baa! Yah! Bah!

Oh, it’s sweet to sweat through stables, sweet to empty kitchen slops,
And it’s sweet to hear the tales the troopers tell,
To dance with blowzy housemaids at the regimental hops
And thrash the cad who says you waltz too well.
Yes, it makes you cock-a-hoop to be “Rider” to your troop,
And branded with a blasted worsted spur,
When you envy, O how keenly, one poor Tommy being cleanly
Who blacks your boots and sometimes calls you “Sir”.

If the home we never write to, and the oaths we never keep,
And all we know most distant and most dear,
Across the snoring barrack-room return to break our sleep,
Can you blame us if we soak ourselves in beer?
When the drunken comrade mutters and the great guard-lantern gutters
And the horror of our fall is written plain,
Every secret, self-revealing on the aching white-washed ceiling,
Do you wonder that we drug ourselves from pain?

We have done with Hope and Honour, we are lost to Love and Truth,
We are dropping down the ladder rung by rung,
And the measure of our torment is the measure of our youth.
God help us, for we knew the worst too young!
Our shame is clean repentance for the crime that brought the sentence,
Our pride it is to know no spur of pride,
And the Curse of Reuben holds us till an alien turf enfolds us
And we die, and none can tell Them where we died.
We’re poor little lambs who’ve lost our way,
Baa! Baa! Baa!
We’re little black sheep who’ve gone astray,
Baa—aa—aa!
Gentlemen-rankers out on the spree,
Damned from here to Eternity,
God ha’ mercy on such as we,
Baa! Yah! Bah!

5.3.08

Acompanhado por uma linha de melodia quase gregoriana

My happiness lies elsewhere,
My happiness lies by you;
While elsewhere may wait forever
I cannot wait for you.

Vou botar em português depois, mas veio em inglês completamente do nada - e eu não quero ficar procurando cáries nos dentes desse potro.

J.