29.12.06




Menina & Rosa

Tatuagem nova - design meu (a letra inclusive) capturado infalivelmente pela mão de Nino, lá da King Seven.

"Beauty walks a razor's edge
Someday I'll make it mine"




Então, a minha resolução de 2007 (talvez uma resolução para vida inteira):

"A beleza caminha sobre o fio da navalha

Um dia eu a farei minha"

J.

16.12.06

Olha O Que Você Fez

Canção nova. Em mi menor (só pra não escrever "em Em"), mais uma vez. ô acorde bom.

Não vou dividir a culpa,
Se a culpa é só uma,
Ela é toda sua, meu amor.
Não vou aceitar desculpas,
Sei que você tem algumas,
Catalogadas num computador.
Seus ministros vão cair,
Você vai ver e vai sentir
A dor de amar um traidor...

Meu bem, não é a primeira vez,
Olha o que você fez,
A merda que você fez.
Nem vem, que eu já fui e voltei,
Eu sei o que você fez,
A merda que você fez.

Essa arquitetura leve
Dos seus beijos talvez negue
O peso de tanta solidão.
Caia de joelhos, reze,
Mas se lembre que a prece,
Talvez se transforme em maldição.
Suas musas mal-comidas
No buffet já fazem fila
Esperando a sua gratidão


Meu bem, não é a primeira vez,
Olha o que você fez,
A merda que você fez.
Nem vem, que eu já fui e voltei,
Eu sei o que você fez,
A merda que você fez.

Abra a boca, feche os olhos,
Isso, agora estamos quites.
Agarrados aos destroços,
Às promessas e os deslizes...

Não vou dividir a culpa,
Se a culpa é só uma,
Ela é toda sua, meu amor...


J.

Eis O Homê!


Machadão, eu te amo!
Poemas Dos Outros - #2

Não sei se é ético dedicar poemas nos outros para alguém, mas se for dedico esse (ou essa tradução tosquíssima) à N., que ruma a terra da garoa em breve.

Uma Arte

Não é difícil dominar a arte de perder;
Tantas coisas parecem já estarem tão obstinadas
A serem perdidas que sua perda desastre não pode ser.

Perca algo todo dia. Aceite a perturbação
De chaves de porta perdidas, da hora mal aproveitada.
Não é difícil dominar a arte de perder.

Então pratique perder mais, mais depressa:
Lugares, e nomes, e para onde você desejava
viajar. Desastre nada disso pode trazer.


Eu perdi o relógio da minha mãe. E veja! foi-se a última,
ou quase-última, das minhas três casas amadas.
Não é difícil dominar a arte de perder.

Eu perdi duas cidades, eram adoráveis. E, mais vasto,
Alguns reinos que eram meus, dois rios, um continente.
Eu sinto falta deles, mas desastre não pôde ser.

---Até perdendo você (a voz jocosa, um gesto
que amo) eu não deverei mentir. É evidente que
Não é difícil dominar a arte de perder.
Apesar de talvez parecer (escreva!) desastre.

Elizabeth Bishop

No original: http://www.cs.rice.edu/~ssiyer/minstrels/poems/639.html
Poemas Dos Outros - # 1

O poema que eu queria ter escrito para o homem que eu mais amei (ou o poema que ele deveria ter escrito para a mulher que mais amou ele).

Roses And Rue

Could we dig up this long-buried treasure,
Were it worth the pleasure,
We never could learn love's song,
We are parted too long.

Could the passionate past that is fled
Call back its dead,
Could we live it all over again,
Were it worth the pain!

I remember we used to meet
By an ivied seat,
And you warbled each pretty word
With the air of a bird;

And your voice had a quaver in it,
Just like a linnet,
And shook, as the blackbird's throat
With its last big note;

And your eyes, they were green and grey
Like an April day,
But lit into amethyst
When I stooped and kissed;

And your mouth, it would never smile

For a long, long while,
Then it rippled all over with laughter
Five minutes after.

You were always afraid of a shower,
Just like a flower:
I remember you started and ran
When the rain began.

I remember I never could catch you,
For no one could match you,
You had wonderful, luminous, fleet,
Little wings to your feet.

I remember your hair - did I tie it?
For it always ran riot -
Like a tangled sunbeam of gold:
These things are old.

I remember so well the room,
And the lilac bloom
That beat at the dripping pane
In the warm June rain;

And the colour of your gown,
It was amber-brown,
And two yellow satin bows
From your shoulders rose.

And the handkerchief of French lace
Which you held to your face -
Had a small tear left a stain?
Or was it the rain?

On your hand as it waved adieu
There were veins of blue;
In your voice as it said good-bye
Was a petulant cry,

'You have only wasted your life.'
(Ah, that was the knife!)
When I rushed through the garden gate
It was all too late.

Could we live it over again,
Were it worth the pain,
Could the passionate past that is fled
Call back its dead!

Well, if my heart must break,
Dear love, for your sake,
It will break in music, I know,
Poets' hearts break so.

But strange that I was not told
That the brain can hold
In a tiny ivory cell
God's heaven and hell.

- Oscar Wilde

Tentei traduzir. Não consegui.

Dançar Pra Não Dançar

"Oh, look at me go
Like a 2 dollars hoe
Like a 2 dollars hoe
Without a pole"

(estou guardando isso para quando eu fizer o meu glorioso debut no mundo do rap/hip-hop)

"Minha filha, você e a sua mãe são da escola de samba Vai Que É FÁCIL!" - Maria da Salete, minha avó

O comentário se deve ao fato de que tanto eu quanto a minha mãe dançamos de uma forma, afê, insinuante. Eu não sei qual é a desculpa da minha mãe, mas a minha é bem clara e objetiva - eu culpo todas as músicas com as quais eu começei a dançar - "Segura O Tchan", "Dança Da Bundinha", "Na Boquinha da Garrafa", essas coisas. Nas festinhas de play, onde eu dei os meus primeiros passos tímidos e atrapalhados, era isso que tocava. Porra, todas as danças que eu sabia envolviam, em algum momento, "botar as mãos no joelho e dar uma abaixadinha". Eu tinha 12 anos, funkeira, blusinha de lycra e calça strech, pensando em retrospecto, não tinha a menor idéia do que eu estava fazendo ou das consequências eróticas daquilo.

Pensando bem, eu sabia que aquilo era uma manifestação de sexo, só não sabia exatamento sobre que tipo de sexo, que posições, etc. Na verdade o funk, o axé e o pagode fizeram pela minha geração o que o Rock 'N' Roll fez por aquelas meninas branquelas de saia godê dos anos 50 - fizeram a gente se sentir como gente grande. Para mim, quando eu tinha 12 anos, a única coisa que me fazia uma menina, e não uma mulher, era o fato de que mulheres trepavam, e meninas não. Então dançar daquele jeito era um jeito de se sentir mulher, sem ser considerada uma piranha precoce. A Carla Perez foi o Elvis da minha geração, fazer o que...

Eu ainda danço do mesmo jeito que eu dançava, e eu me sinto bem. Eu sinto prazer em provocar, ser desejada sem ser tocada - e tanto subir no palco para cantar um baladão romântico quanto rebolar descendo até o chão são uma manifestação disso. Eu nunca gostei muito de ver homem dançando, acho homem rebolando uma das coisas mais broxantes de todos os tempos - eu gosto do sujeito que fica apoiado no bar, com o copo na mão, me assistindo dançar.

J.