16.12.06

Dançar Pra Não Dançar

"Oh, look at me go
Like a 2 dollars hoe
Like a 2 dollars hoe
Without a pole"

(estou guardando isso para quando eu fizer o meu glorioso debut no mundo do rap/hip-hop)

"Minha filha, você e a sua mãe são da escola de samba Vai Que É FÁCIL!" - Maria da Salete, minha avó

O comentário se deve ao fato de que tanto eu quanto a minha mãe dançamos de uma forma, afê, insinuante. Eu não sei qual é a desculpa da minha mãe, mas a minha é bem clara e objetiva - eu culpo todas as músicas com as quais eu começei a dançar - "Segura O Tchan", "Dança Da Bundinha", "Na Boquinha da Garrafa", essas coisas. Nas festinhas de play, onde eu dei os meus primeiros passos tímidos e atrapalhados, era isso que tocava. Porra, todas as danças que eu sabia envolviam, em algum momento, "botar as mãos no joelho e dar uma abaixadinha". Eu tinha 12 anos, funkeira, blusinha de lycra e calça strech, pensando em retrospecto, não tinha a menor idéia do que eu estava fazendo ou das consequências eróticas daquilo.

Pensando bem, eu sabia que aquilo era uma manifestação de sexo, só não sabia exatamento sobre que tipo de sexo, que posições, etc. Na verdade o funk, o axé e o pagode fizeram pela minha geração o que o Rock 'N' Roll fez por aquelas meninas branquelas de saia godê dos anos 50 - fizeram a gente se sentir como gente grande. Para mim, quando eu tinha 12 anos, a única coisa que me fazia uma menina, e não uma mulher, era o fato de que mulheres trepavam, e meninas não. Então dançar daquele jeito era um jeito de se sentir mulher, sem ser considerada uma piranha precoce. A Carla Perez foi o Elvis da minha geração, fazer o que...

Eu ainda danço do mesmo jeito que eu dançava, e eu me sinto bem. Eu sinto prazer em provocar, ser desejada sem ser tocada - e tanto subir no palco para cantar um baladão romântico quanto rebolar descendo até o chão são uma manifestação disso. Eu nunca gostei muito de ver homem dançando, acho homem rebolando uma das coisas mais broxantes de todos os tempos - eu gosto do sujeito que fica apoiado no bar, com o copo na mão, me assistindo dançar.

J.

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