25.4.08

Azul da Prússia

O mundo cessa,
Subitamente,
A sua atividade constrangedora.
A porta se fecha
E ali está ela,
Sozinha.

um filtro na fechadura
Por
onde ele a observa –
Um celofane azul da Prússia
Que azula a silhueta dela.

Se a tristeza pode ser bela,
Se a beleza a supera,
Nada é inteiramente triste
(Apesar de irremediável).

15.4.08

Cinema

Fiz, faz alguns poucos dias, a minha visita anual ao cinema. Nem lembro qual foi o último filme, anterior a esse, que eu vi em uma sala de projeção - não é um hábito.

A conclusão a qual eu cheguei, no meio do filme ("Eu não estou lá" - achei bacana) é:

Nenhum filme é melhor do que o cigarro fumado depois que o filme acaba.


Verdade seja dita, eu já não amava ir ao cinema antes de começar a fumar. Eu gostava mais do que eu gosto agora, mas não era uma das minha coisas favoritas - não gosto da idéia de estar em um lugar que foi construído com o único intuito de me fazer assistir algo. Vai ver isso pode ser atribuido ao meu "attention spam" limitado (DDA forever!), mas as salas de cinema fazem eu me sentir um pouco oprimida. E eu não consigo encarar aquilo como uma experiência coletiva, uma vez que eu não posso nem ver os rostos das pessoas ao meu redor. Pode-se definir a sala de cinema como um espaço onde as pessoas tem experiências individuais coletivamente, mas não como um espaço coletivo. Digo isso porque a "coletividade" é normalmente um dos fatores apontados para o amor pelas sessões de cinema. I don't get it. Me entrego, sem qualquer resistência, à argumentação técnica - o som, a proporção da imagem, etc. Porém a sensação de "completa imersão", gerada pelo breu, o ar condicionado e tudo mais, não me apraz. A completa entrega é difícil e, para mim, opressora, ainda mais por que eu não sei exatamente ao que eu estou me comprementendo. Ir ao cinema é, para mim, comparável a se pagar um boquete para um sujeito que você acabou de conhecer.

Se eu estivesse lá quando aquela projeção do trem, há muitos e muitos anos atrás, fez os espectadores acharem que iam ser atropelados, provavelmente seria uma das primeiras a me jogar em direção às portas.

J.