25.1.06

Planejamento de Vida

A Julia Lima, minha amiga "mais antiga", fez uma aula na faculdade sobre planos. E era preciso, meio como prova final, que ela fizesse um plano para a vida dela. Muito gentilmente ela me pediu que eu escrevesse o prefácio dessa tese, e eu, muito honrada, o fiz. Eu gosto muito desse texto porque eu consegui dizer nele um monte de coisas sobre ela e sobre mim que eu nunca consegui em outros escritos. Aqui vai então.


"It´s life and life only" - Bob Dylan

Eu me sentei, num Domingo a tarde, para escrever o prefácio da vida da Julia. E só isso já me assusta, pois vejo o nome dela, que também é o meu . Provavelmente Domingo seja um dia perfeito para escrever isso . Quem vai a missa pede perdão, abrigo e agradece alguma graça. Quem fica em casa de ressaca faz o mesmo, sem hóstia. Domingo - antes de tudo e depois de muito.
Eu sempre fiz planos. A Julia ouviu muitos, promessas intangíveis de contornos vastos, se dissipando no ar que nem fumaça mal saiam da minha boca. Ela, ao meu lado, falava pouco sobre o futuro, mas quando o fazia os planos tinham arestas e beiradas, comprimentos bem medidos, traços feitos a caneta, diagramas palpáveis. Não eram resoluções, não eram desejos jogados ao vento - eram planos que se desenrolavam em ações. Qualquer problema era só um contratempo, nunca uma razão para jogar as mãos para cima e dar as costas. Eu estava lá, sonhando com as belas paisagens do Peru enquanto a Julia de fato fazia as malas. Eu escrevia odes para o rio Titicaca e a Julia comprava passagens. E, no fim das contas, eu desejava boa viagem e ela partia sozinha.
Quando você conhece a Julia pode muito facilmente se enganar e pensar que ela não tem uma gota de ambição no sangue. Eu um dia também pensei isso. Mas hoje sei ver, por trás do véu azul dos olhos dela, milhões de desejos, tantos, em tantas direções, com milhares de cores, com centenas de conseqüências calculadas sem inocência ou medo. Ela declarou milhões de vezes que não sabia o que queria, mas era mentira, ela sabia sim, mas eram coisas demais. E sempre serão muitas coisas para as pessoas apaixonadas.
Eu conheço bem a Julia e sei que os milhões de estratagemas meticulosos dela também podem ser usados para retardar a ação ao invés de acompanha-la. Ela tem que estudar para a prova - e não quer. Vai organizar suas canetas por cores, os clipes de papel por ordem cronológica, apontar os lápis (antes sairá para comprar um apontador), criar um cronograma relacionando as páginas do livro com os ponteiros do relógio. No fim das contas, entre suas canetas e seus lápis afiados ela se dará por satisfeita e sairá para tomar um chopp comigo.
Realmente não acredito em planejamento de vida. Nada está fora do planos. As escolhas quem faz é o acaso - nós apenas fazemos apostas, depositamos nossas fichas em um número e só podemos esperar que a roleta seja bondosa. Tomamos decisões mas não sabemos se o acaso as transformará em uma realidade ou em um diagrama abandonado em uma gaveta trancada sem chave. Acho que a Julia sabe disso. É forte o bastante para se erguer quando o destino lhe der uma rasteira, quando a roleta a deixar tonta. Eu sei que ela não será arrastada pela corrente de acontecimentos imprevistos, eu sei que ela terá a determinação de fincar as unhas e os dentes no que ela quer, que ela não deixará seus desejos serem afogados por supostas obrigações mundanas, que ela saberá descansar em terra firme sem jamais perder de vista a inconstância do mar.
Espero sempre te ouvir dizer que não sabe o que quer por querer coisas demais, por estar ainda procurando, aprendendo e se apaixonando por cada dia que nos é dado. Por isso te desejo sorte nas apostas, coragem nas encruzilhadas e fé nos becos sem saída.

J.
voltei das férias! Porque até blog precisa de férias...

Spring Affair


So silent and unoticed
Like the death of a star
He slides across the room
With a certain Bogart charm
He lights up the cigarettes
Of every single dame
That good old Danny boy
Can´t find his way to the grave

Yeah, you know his type
You used to fall for guys like that
They didnt do you any good
But they all loved you I guess
Your lips like rubis
Your teeth shine like pearls
You should pawn that smile, baby
It´s worth at least a thousand buck

Look around you, see then people
All trying to get ahead
Stepping on each other´s toes,
On guts and heads
You gotta learn not to trust then
Look into their blind spot
Give them something they can use
Something that can be bought

I once was a rich fellow
But all gambler's die broke
Now I aint got nothing to tell you
Unless you care for a bad joke
And I see you are so lonesome
Waiting for spring to come
I see rain, hail and snow
Where is spring coming from?

J.