25.10.07

Alguém traiu alguém,
um sino tocou porque
alguém traiu alguém
um sino tocou porque

Alguém amou alguém
E alguém precisou morrer.

20.10.07

Hoje, em um bar no Jardim Botânico, eu falei para um amigo estrangeiro sobre as belezas de Manuel Bandeira. Em um afã eu recitei um poema do Bandeira, o único poema que eu sei de cor, "Desencanto":

Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.

Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.

E nestes versos de angústia rouca
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.

– Eu faço versos como quem morre.

(Manuel Bandeira – A Cinza das Horas – Teresópolis, 1912)

Eu li esse poema pela primeira vez quando eu tinha 12 anos - li no Estrela da Vida Inteira, um livro de capa púrpura que me acompanhou pelo resto da vida. Li, reli e decorei, sem querer, querendo.

Hoje, chegando em casa depois do bar, senti a nostalgia de ler Bandeira. E li Bandeira, e resolvi ler sobre o Bandeira. Não li nada que eu não soubesse, apenas uma coisa - a data de sua morte. Ele morreu 18 de Outubro, ontem. Fiquei meio pasmada, porque é a data do aniversário da minha irmã, e senti novamente o afã que me invadiu na mesa de bar e que me fez ler e reler esse poema.

Quando eu li o poema, aos doze anos de idade, eu começei a escrever. Talvez tenha sido no dia seguinte, talvez nas horas seguintes, talvez uma semana depois. Mas ali eu começei a escrever.

J.

19.10.07

Fidos

A fé é a lâmpada mágica
Que ainda não foi esfregada.

(Se fosse verdade te cegaria
Mas a idéia não é essa.)

De fato tudo
Se resume ao Amem -

Fiat.

"Algum tipo de esperança
Fabricada pelo homem",
Mas se te impede
De por uma bala na cabeça
Está valendo a pena.

3.10.07

Cien Años de Soledad

"Había perdido en la espera la fuerza de los muslos, la dureza de los senos, el hábito de la ternura, pero convervaba intacta la locura del corazón."

Foda, né?