6.2.07


Diálogo

H: Então, o que você queria me perguntar?

M: Você me conhece, você sabe que eu não sou a pessoa que tem respostas, eu sou a pessoa que tem perguntas. Um monte de perguntas.

H: Você nunca fez muitas perguntas para mim.

M: Eu não faço perguntas, a maior parte das perguntas não são nada além de Loucura Especulativa Feminina, são uns delírios interrogativos breves, que não valem nem a pena ser pensados, muito menos articulados.

H: Se você não tem nenhuma resposta então me faz uma pergunta. Me pergunta alguma coisa.

M: Você ainda me ama?

H: Caralho, você podia ter começado com alguma coisa tipo “qual a sua cor favorita”, ou sei lá...

M: Qual a sua cor favorita?

H: Preto.

M: Você ainda me ama?

H: Sim.

(...)

M: Viu, esse é o problema dessas perguntas, elas têm respostas, quando você tem alguma resposta você tem que fazer alguma coisa com ela. As pessoas esperam que você faça alguma coisa, é como funciona. E eu não sei o que eu faço com essa.

H: A gente faz o que a gente fazia antes.

M: Isso não serve mais pra mim.

H: O que?

M: O que a gente fazia antes. Não serve mais pra mim, eu preciso de mais.

H: Você ainda me ama?

M: Sim.

H: E o que a gente faz com isso?

M: Eu não sei, eu devia ter parado no “qual é a sua cor favorita”.

2 comentários:

Anônimo disse...

agora vens com talento dramatúrgico também Miss Júlia? a difícil arte do diálogo e tu me vem e tira de lerta...
Ninguém te segura nem te prevê, neuroses de casal na tradição do melhor woody allen eric rohmer e outros bichos. adoro os "breves delírios interrogativos que não valem nem a pena ser pensados, muito menos articulados". esperto e sofisticado como tu!

Dani Morreale Diniz disse...

Que foooooooooooda menina. É um dom? hihihi.
Te add no orkut, bjks