15.4.08

Cinema

Fiz, faz alguns poucos dias, a minha visita anual ao cinema. Nem lembro qual foi o último filme, anterior a esse, que eu vi em uma sala de projeção - não é um hábito.

A conclusão a qual eu cheguei, no meio do filme ("Eu não estou lá" - achei bacana) é:

Nenhum filme é melhor do que o cigarro fumado depois que o filme acaba.


Verdade seja dita, eu já não amava ir ao cinema antes de começar a fumar. Eu gostava mais do que eu gosto agora, mas não era uma das minha coisas favoritas - não gosto da idéia de estar em um lugar que foi construído com o único intuito de me fazer assistir algo. Vai ver isso pode ser atribuido ao meu "attention spam" limitado (DDA forever!), mas as salas de cinema fazem eu me sentir um pouco oprimida. E eu não consigo encarar aquilo como uma experiência coletiva, uma vez que eu não posso nem ver os rostos das pessoas ao meu redor. Pode-se definir a sala de cinema como um espaço onde as pessoas tem experiências individuais coletivamente, mas não como um espaço coletivo. Digo isso porque a "coletividade" é normalmente um dos fatores apontados para o amor pelas sessões de cinema. I don't get it. Me entrego, sem qualquer resistência, à argumentação técnica - o som, a proporção da imagem, etc. Porém a sensação de "completa imersão", gerada pelo breu, o ar condicionado e tudo mais, não me apraz. A completa entrega é difícil e, para mim, opressora, ainda mais por que eu não sei exatamente ao que eu estou me comprementendo. Ir ao cinema é, para mim, comparável a se pagar um boquete para um sujeito que você acabou de conhecer.

Se eu estivesse lá quando aquela projeção do trem, há muitos e muitos anos atrás, fez os espectadores acharem que iam ser atropelados, provavelmente seria uma das primeiras a me jogar em direção às portas.

J.

4 comentários:

Anônimo disse...

Olha, compartilho do mesmo desabor. Quero dizer, do desabor de ir ao cinema. Porque o do boquete prefiro jamais experimentar mesmo! Nada melhor do que assistir filme no aconchego de casa! Grande abraço!

Leticia disse...

compartilho também, mas admito que às vezes, muito raramente, sinto desejo de me enfiar num cinema escuro e poeirento.

mas tens q ir a um cine-poeira em Bombain, assistir a um musical de Bollywood, dos anos 60 ! rsrsrs
aquilo ali sim é experiência coletiva...ñ q eu já tenha ido, mas é q sei como é, rola uma comoção com as músicas, o filme é uma quase-aula de dança, e o cinema se transforma numa pseudo-pista de coreografias bizarras, executadas por indianos alucinados, rsrsrs.

beijocas

p.s.: primeira visita, vi teu blog no do Lucas =)

Anônimo disse...

Então quando uma mulher recém-conhecida paga um boquete há grandes chances do cigarro depois ser a coisa preferida para ela pôr na boca.
Isso pode ser um abalo na vida dos homens e dos diretores.

Anônimo disse...

Estamos em campos opostos. Até meus, sei lá, 27 anos a vida toda era 2D e por isso o cinema era uma realidade bem mais aceitável do que a vida de verdade, que parecia uma novela não-ensaiada e por isso falha demais, tanto técnica quanto estilisticamente. Agora, aos 33, até que o tato, o olfato e o paladar importam mais pra mim e eu consigo encarar a vida como algo além da visão e audição. Antes disso, se um trem viesse na minha direção, só ia dar tempo de pensar "clichê demais, cadê a trilha sonora pra disfarçar a falta de idéia?". Créditos finais.