12.12.05

Saber De Nada

Rainha do karaoke,
parada, copo em punho,
pernas sabor de canela,
que ela abre no escuro.
Garota avaliada
em 10 kilos de rubis,
ovelha desgarrada -
o pastor não está aqui.

Num trapézio, numa torre,
Numa super estrutura,
ela cai e quebra a asa,
e perde o jogo de cintura.
Um passarinho verde,
pousado em seu ombro -
Um gole é para sede,
outro é pra Santo Antônio.

Ela não sabe mais
Voltar para casa -
Ela não quer mais
saber de nada.

Saiu para comprar cigarros
(esqueceu que não fumava)
Já estava muito longe
e não sabia onde estava.
Cigana nata no exílio,
o seu destino é surdo,
Não ouve os seus reclames
e te leva pelo mundo.

Agora anjo trajando jeans
E óculos escuros
Uma carta em seu bolso
Dá as costas para o mundo.
Um batom e um espelho
Numa beira de estrada
Pinta os lábios, esconde o medo
Que cobre a boca pálida.

E agora ela respira
Algo mais leve que o ar,
Fecha os olhos e faz mira,
Leva o que acertar.
Pensam que ela esqueceu
Mas nada se perde nela -
Veja olhos escancarados
E as unhas amarelas.

E ela não sabe mais
Voltar pra casa.
E ela não quer mais
Saber de nada.

J.

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